Publicado originalmente em 5 de agosto de 2020
Está surgindo um movimento crescente de professores, alunos e pais contra o esforço de reabrir escolas em meio ao crescimento da pandemia de coronavírus.
Ao longo do último mês, mais de 300.000 educadores e pais nos EUA se juntaram a grupos no Facebook que se opõem à campanha de volta às aulas. Protestos e manifestações aconteceram no Mississippi, Arizona, Flórida, Iowa, Alabama e muitos outros estados. Na segunda-feira, protestos foram realizados em dezenas de cidades em todo o país.
Para que esse movimento tenha sucesso, é preciso que se desenvolva em uma luta nacional, unindo os educadores com todos os setores da classe trabalhadora em um movimento de greve geral contra a política homicida das elites dominantes.
A campanha para reabrir escolas, apoiada tanto pelos republicanos quanto pelos democratas, é um elemento fundamental na campanha mais ampla de retorno ao trabalho. A exigência de que os trabalhadores retornem ao trabalho, colocada em vigor em maio, já é responsável por 50.000 mortes em junho e julho. Mas a classe dominante não pode fazer os trabalhadores voltarem ao trabalho se seus filhos não estiverem na escola.
A mesma lógica está impulsionando o esforço para reduzir ou eliminar os benefícios federais contra o desemprego, forçando os trabalhadores a voltar ao trabalho ou a enfrentar a fome, o despejo e a pobreza.
A ciência é clara: as crianças são igualmente suscetíveis a contrair o novo coronavírus, têm cargas virais iguais ou superiores às dos adultos, têm maior probabilidade de serem portadoras assintomáticas e transmitem o vírus nas taxas mais altas de qualquer faixa etária. Pelo menos quatro escolas que reabriram na semana passada já tiveram alunos testados positivo para a COVID-19. Qualquer escola que reabrir se tornará rapidamente um vetor importante para a propagação do vírus por toda a comunidade.
O esforço para reabrir escolas, em outras palavras, significa que os alunos ficarão doentes e morrerão, os professores ficarão doentes e morrerão, e os pais ficarão doentes e morrerão.
Ao fazer o chamado para uma greve geral nacional, o Partido Socialista pela Igualdade (SEP) faz um chamando para os educadores e todos os trabalhadores para levantar e discutir as seguintes demandas em suas escolas, locais de trabalho e bairros:
* Manter todas as escolas fechadas até que o vírus seja erradicado! Com a pandemia saindo do controle em todo os EUA, as aulas presencias não podem ser realizadas com segurança.
* Financiamento completo para educação pública e ensino online! Devem ser garantidos a todos os estudantes e educadores acesso à internet de alta velocidade, distribuição de alimentos, cuidados com a saúde mental, apoio à educação especial e todos os outros recursos necessários para fornecer a melhor qualidade de ensino a distância.
* Interromper toda a produção não essencial! Até que a pandemia seja contida, somente as indústrias-chave, como de alimentos, cuidados médicos e logística, devem permanecer abertas. Os trabalhadores dessas indústrias devem receber as medidas de segurança mais avançadas para evitar a infecção. Todos os trabalhadores não essenciais e os trabalhadores demitidos devem receber benefícios de desemprego total e acesso a assistência médica gratuita.
* Por uma expansão maciça de testes e rastreamento de contatos! A fim de conter o vírus, testes universais devem ser fornecidos e centenas de milhares de rastreadores de contato devem ser contratados para rastrear quaisquer casos que surjam e testar e isolar os potencialmente infectados.
Os últimos sete meses mostraram que a luta contra a pandemia depende da intervenção independente da classe trabalhadora. O número de mortos continua aumentando e a pandemia está saindo do controle porque a classe dominante não irá tolerar nenhuma medida que interfira em seus interesses de lucro.
Se isso significa que a pandemia deve continuar, que assim seja. A indiferença da classe dominante pela perda maciça de vidas foi expressa de forma mais clara por Trump em uma entrevista ao Axios no final de semana. Solicitado para falar sobre as 1.000 pessoas nos EUA que estão morrendo todos os dias, Trump disse: “Elas estão morrendo, isso é verdade. E é o que é.”
Não se poderia ter uma declaração mais clara sobre a política de classes. Na segunda-feira à noite, Trump mostrou toda sua determinação em avançar com a campanha para reabrir prematuramente as escolas exigindo no Twitter: “ABRAM AS ESCOLAS!!!”
Trump não fala apenas por si mesmo. Em um editorial de segunda-feira, “School-Opening Extortion” (“A Extorsão na Abertura de Escolas”), o Wall Street Journal expressou os interesses sociais que impulsionam essa política.
O Journal denunciou professores que protestam por se envolverem em “extorsão política”, resistindo ao esforço de reabrir escolas. “As crianças, que teriam que enfrentar mais aulas perdidas, são seus reféns”, escreveu o porta-voz de Wall Street. Os professores, declara, estão tentando “coagir os pais e os contribuintes a dançarem em sua agenda se quiserem que seus filhos aprendam”.
Quanta hipocrisia! A classe dominante degradou sistematicamente a educação pública durante décadas através da redução do financiamento do estado e da promoção de escolas charter, de avaliações externas e esquemas de “escolha de escola” para desviar o financiamento para escolas privadas e paroquiais.
O Journal tem a ousadia de acusar os professores de utilizar a pandemia para obter benefícios. Na realidade, foi a oligarquia financeira que usou a pandemia para conseguir trilhões de dólares em resgate, sancionado pela Lei CARES aprovada no final de março com apoio quase unânime de republicanos e democratas. Tendo saqueado o Tesouro do Estado, a classe dominante agora exige que os trabalhadores voltem ao trabalho de produzir lucros para pagar por isso.
O editorial concluiu dizendo: “Nenhuma força política deveria ter poder de veto sobre a educação das crianças dos EUA”. Em termos de classe, o Journal exige que os educadores, pais, alunos e a classe trabalhadora como um todo não tenham voz ativa sobre a reabertura ou não das escolas.
Enquanto a administração Trump está liderando a campanha para reabrir escolas, ela tem apoio de democratas e republicanos. Em Nova York, ontem, professores, pais e alunos realizaram um protesto contra os planos do prefeito democrata Bill de Blasio de reabrir escolas.
Tanto os governadores republicanos quanto os democratas removeram as restrições à produção não essencial à medida que a pandemia se espalhava, enviando trabalhadores de volta ao trabalho para arriscar sua saúde e suas vidas a fim de produzir lucros para as corporações.
Os professores não estão lutando sozinhos. Há uma crescente raiva e oposição em toda a classe trabalhadora. Seus aliados são estudantes e pais em escolas de ensino fundamental e médio, assim como estudantes em faculdades e universidades que também estão tentando reabrir.
Trabalhadores de frigoríficos, da saúde, rurais, do setor logístico na Amazon, UPS e nos Correios dos EUA, trabalhadores do transporte público, de serviços e toda a classe trabalhadora enfrentam o mesmo inimigo. Trabalhadores da indústria automotiva em Michigan e Ohio já começaram a formar comitês de base de segurança independentes para organizar a oposição.
O fim dos benefícios federais contra o desemprego nesta semana ameaça milhões de desempregados com a pobreza e o despejo. Por trás de portas fechadas, os democratas e republicanos estão negociando o quanto esses benefícios serão cortados e com que rapidez, a fim de criar as melhores condições para chantagear os trabalhadores e fazê-los voltar ao trabalho.
A oposição dos professores nos Estados Unidos, além disso, faz parte de um movimento internacional. Grupos no Facebook que se opõem à reabertura de escolas se formaram no Reino Unido, na África do Sul e em outros países onde a classe dominante está impondo a mesma política.
Para lutar contra essa situação, os professores devem formar organizações independentes de base. Os protestos organizados pelos sindicatos de professores são totalmente insuficientes. A Federação de Professores dos EUA (AFT) e a Associação Nacional de Educação (NEA), subservientes aos democratas e à classe dominante, estão altamente conscientes da radicalização que está ocorrendo entre os educadores e procuram antecipar e controlar este movimento. Em 2018 e 2019, os sindicatos orquestraram o fim e a traição de uma série de greves de professores, começando na Virgínia Ocidental.
O Partido Socialista pela Igualdade faz um chamado para que os trabalhadores de todas as indústrias e categorias formem uma rede interligada de comitês de base para se prepararem para uma greve geral contra a abertura de escolas e toda a política da classe dominante.
As medidas exigidas pelos professores correspondem ao que os cientistas e epidemiologistas insistem ser necessário para deter a propagação da pandemia. Dois interesses sociais absolutamente opostos estão envolvidos. Os professores estão lutando pela vida. A classe dominante está lutando pelos lucros e pela morte.
Os trilhões que foram entregues a Wall Street e à oligarquia financeira devem ser redirecionados para proporcionar a todos os trabalhadores o benefício integral do desemprego e o acesso universal aos cuidados de saúde e à educação pública.
O desenvolvimento de uma greve geral nacional criaria um poderoso impulso e estimularia o apoio internacional entre os trabalhadores que enfrentam as mesmas questões de vida e morte. A lógica de tal luta colocaria a classe trabalhadora dos EUA em um confronto direto com a administração Trump, que procura manter seu governo através de medidas cada vez mais autoritárias, e toda a classe dominante.
Todos os direitos da classe trabalhadora, mesmo o direito à vida, dependem da expropriação da classe dominante e da reorganização da vida econômica com base na necessidade social e não no lucro privado.
A única maneira de deter a reabertura de escolas, deter a propagação da pandemia e evitar mais milhões de infecções e mortes é através da mobilização em massa da classe trabalhadora em uma luta revolucionária contra a fonte de todo sofrimento provocado pela pandemia, o sistema capitalista.
O Partido Socialista pela Igualdade e seu movimento juvenil, a Juventude e Estudantes Internacionais pela Igualdade Social (IYSSE), estão à frente desta luta. Pedimos aos professores que entrem em contato conosco para ajudar na organização de sua luta. Pedimos aos estudantes e jovens que apoiem esta luta e que se juntem ao IYSSE. Inscreva-se no Boletim dos Educadores do World Socialist Web Site para receber informações atualizadas sobre esta luta.