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A luta contra a guerra imperialista na Nova Zelândia e no Pacífico

O discurso a seguir foi proferido por Tom Peters, membro dirigente do Grupo Socialista pela Igualdade na Nova Zelândia, no Ato Internacional Online de Primeiro de Maio de 2024, realizado no sábado, 4 de maio.

Ato Internacional Online de Primeiro de Maio de 2024

Em nome do Grupo Socialista pela Igualdade da Nova Zelândia, Estendo minhas saudações revolucionárias para os trabalhadores e jovens em toda a região do Pacífico, que enfrentam um perigo cada vez mais iminente como resultado do belicismo imperialista norte-americano e de seus aliados regionais, Austrália e Nova Zelândia.

Países empobrecidos, como Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão, que presenciaram alguns dos combates mais sangrentos da Segunda Guerra Mundial, estão agora sendo incluídos em planos para uma guerra catastrófica com a China.

Nenhuma ilha é pequena demais para evitar a militarização do Pacífico. O recente acordo entre a Austrália e Tuvalu, que tem pouco mais de 11.000 habitantes, transformou na prática esse pequeno país em uma colônia, dando a Canberra o poder de controlar sua defesa, segurança e política externa.

Governos que tentam manter laços militares com a China sem se curvar aos ditames dos EUA enfrentam a ameaça de mudança violenta de regime. Esta foi a mensagem enviada ao governo das Ilhas Salomão que sofreu uma tentativa de golpe apoiada pelos EUA em 2021.

Soldados do Exército australiano conversam com cidadãos locais em Honiara, Ilhas Salomão, no sábado, 27 de novembro de 2021, durante a tentativa de golpe. [AP Photo/Cpl. Brandon Grey/Forsvarsdepartementet]

A Nova Zelândia, como membro da rede de espionagem Cinco Olhos e uma potência imperialista no Pacífico, está totalmente integrada aos planos de guerra dos EUA.

Em agosto último, o então ministro da Defesa do governo trabalhista, Andrew Little declarou abertamente que os gastos militares deveriam dobrar para que as forças armadas fossem “equipadas e preparadas” para “desempenhar um papel” caso ocorra uma guerra no Mar do Sul da China.

O governo liderado pelos trabalhistas, que incluía o Partido Verde também enviou tropas para a Grã-Bretanha para ajudar no treinamento de recrutas ucranianos para lutar na guerra dos EUA e da OTAN contra a Rússia.

Os trabalhistas sofreram uma derrota devastadora nas eleições de outubro passado após seis anos em que presidiram sobre o aumento da pobreza, da desigualdade e do número de sem-teto, além de uma aliança mais próxima com os Estados Unidos.

Jacinda Ardern renunciou ao cargo de primeira-ministra no período que antecedeu a eleição, sendo seguida por vários de seus ministros, como ratos abandonando um navio que afunda. E em seus últimos dias, o governo trabalhista apoiou o ataque genocida de Israel a Gaza, chamando-o de um ato de “autodefesa”.

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, se reúne com o presidente dos EUA, Joe Biden, no Salão Oval, em 31 de maio de 2022. [Photo: Adam Schultz]

O atual governo, profundamente impopular, uma coalizão do Partido Nacional e dos partidos de extrema direita ACT e New Zealand First, parte do ponto deixado pelos trabalhistas.

Enviou tropas para ajudar no bombardeio do Iêmen, para defender as linhas de abastecimento do regime sionista. Ele pretende levar a Nova Zelândia para a aliança anti-China AUKUS; e recentemente estabeleceu laços militares com o regime autoritário de Marcos nas Filipinas, que desempenha um papel importante nos planos de guerra dos EUA. O Partido Trabalhista não diverge fundamentalmente em nada disso.

Falando em nome de toda a classe dominante, um importante colunista do New Zealand Herald escreveu recentemente que “Uma guerra em grande escala na Europa e na Ásia é agora uma possibilidade real” e que para que a Nova Zelândia permaneça “parte da rede de defesa ocidental”, haverá um preço - primeiro em dinheiro e orçamento, e talvez mais tarde em sangue.”

Na classe trabalhadora, entretanto, há um sentimento generalizado antiguerra. Dezenas de milhares de pessoas continuam participando dos protestos contra o genocídio em Gaza. Quando os organizadores convidaram deputados trabalhistas para falar nas manifestações, esses políticos pró-imperialistas foram vaiados e silenciados.

Uma pesquisa recente revelou que 68% dos residentes da Nova Zelândia opõem-se ao aumento dos gastos militares, e quase dois terços concordam que “A economia é manipulada para beneficiar os ricos e poderosos.”

Para financiar a expansão das forças armadas e reduzir os impostos para os ricos, o governo está impondo medidas de austeridade brutais. Milhares de empregos no setor público foram destruídos, em setores como educação, cuidados infantis e no ministério da saúde, e 30.000 pessoas em todo o país poderão perder seus empregos no próximo ano.

A merenda escolar e os serviços para deficientes estão sendo cortados; hospitais públicos, que já contam com uma grande falta de pessoal, estão sendo forçados a fazer mais cortes. Enquanto isso, dezenas de pessoas continuam morrendo todos os meses devido à COVID-19, por causa da política assassina de infecção em massa imposta pelo governo trabalhista no final de 2021.

O Grupo Socialista pela Igualdade é o único a alertar que nenhum dos partidos capitalistas representa uma alternativa progressista. O único caminho a seguir é construir um movimento socialista que una os trabalhadores da Nova Zelândia e de todo o mundo, para impedir a Terceira Guerra Mundial abolindo sua causa fundamental: o sistema capitalista.

Professores em greve do lado de fora do parlamento da Nova Zelândia, em Wellington, em 16 de março de 2023. [Photo: NZEI Te Riu Roa Facebook]

Isso exige uma luta política contra os grupos pseudoesquerdistas pequeno-burguese, como a Organização Socialista Internacional (ISO) que fraudulentamente se fazem passar por socialistas e fazem tudo o que podem para impedir o movimento contra a austeridade e a guerra de romper a camisa de força do parlamento e da burocracia sindical.

Nas eleições, a ISO fez campanha para os trabalhistas e seus aliados, o Partido Verde e o Te Pāti Māori. A ISO apela a esses partidos capitalistas, que historicamente impuseram cortes selvagens em serviços essenciais, para liderar os protestos contra a austeridade junto com os sindicatos. Ela glorifica os sindicatos por emitirem declarações à imprensa pedindo um cessar-fogo em Gaza.

Isso encobre o papel dessas organizações corporativistas como força policial nos locais de trabalho a serviço da classe dominante. Elas impõem ataques aos empregos e aos padrões de vida, e impedem qualquer ação dos trabalhadores para interromper a produção e o fornecimento de armas para Israel e os Estados Unidos.

Como suas contrapartes em outros países, a pseudoesquerda neste país representa setores da classe média alta, entre eles dirigentes dos sindicatos, cujos privilégios dependem do fato de a Nova Zelândia fazer parte da aliança imperialista que está tentando dividir o mundo.

É por isso que a ISO aplaudiu a guerra agressiva da OTAN na Ucrânia e glorificou o regime de extrema direita em Kiev. Os pseudoesquerdistas promovem a mentira absurda que as mesmas potências imperialistas que apoiam o genocídio em Gaza estão defendendo a liberdade e a democracia contra a Rússia.

Apelamos aos trabalhadores que estão ouvindo na Nova Zelândia e em toda a região para assumir a luta por um movimento genuinamente socialista e antiguerra. Isso exigirá novas organizações - comitês de base, independentes dos sindicatos - para mobilizar a classe trabalhadora para impedir o desenvolvimento da Terceira Guerra Mundial.

Mais importante ainda, peço que entrem em contato com o Grupo Socialista pela Igualdade e juntem-se à nossa luta para construir a seção neozelandesa do Comitê Internacional da Quarta Internacional.

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