251. A instabilidade da economia mundial, o crescimento das tensões geopolíticas globais, as erupções de violência militar, a deterioração das condições sociais da classe trabalhadora em todos os países, o aumento dos conflitos de classe e a alienação da ampla massa da população em relação às organizações políticas já estabelecidas indicam que uma crise revolucionária se aproxima. Em última análise, a origem dessa tendência crescente de desequilíbrio está na incompatibilidade das relações sociais e das formas políticas desenvolvidas pelo capitalismo com a nova expansão global e integração das forças produtivas. Essa incompatibilidade só pode ser resolvida e superada com a conquista do poder político pela classe trabalhadora internacional e a reorganização socialista da economia mundial. A alternativa é a barbárie.
252. O declínio da posição mundial do capitalismo americano está no centro dessa crise global. A vasta riqueza e a posição mundial dominante que estão por trás do “excepcionalismo” americano – isto é, a ausência de um movimento político de massa da classe trabalhadora – tem se desgastado consideravelmente. A sociedade americana está polarizada em divisões de classe num grau que não era visto desde os conflitos sociais da década de 1930. Mas o capitalismo americano é incapaz de oferecer as reformas que salvaram o sistema 75 anos atrás. A interminável série de escândalos financeiros e fracassos empresariais tem corroído profundamente a confiança da população na “livre iniciativa”. O roubo das eleições de 2000, as mentiras ditas pelo governo para justificar a invasão do Iraque e os horrores de Abu Ghraib e Guantánamo abalaram a confiança da classe trabalhadora nas instituições da democracia americana. As condições para uma radicalização da consciência social da classe trabalhadora e uma mudança histórica em suas filiações políticas estão em estágio avançado. Os Estados Unidos não estão isentos das leis do desenvolvimento histórico. Estão entrando num período de conflitos de classe revolucionários.
253. Somente um partido que é inquestionavelmente orientado e baseado na classe trabalhadora, guiado pela teoria política mais avançada, que compreende as lições das lutas anteriores da classe trabalhadora internacional e com um programa elaborado por uma avaliação cientificamente fundamentada das tendências objetivas do desenvolvimento socioeconômico, pode atender às exigências de uma época revolucionária. O Partido Socialista pela Igualdade e o Comitê Internacional representam e levam adiante uma vasta tradição histórica. Não há outro movimento político que possa, ou que queira, retraçar sua própria história. As organizações oportunistas – os socialdemocratas, os stalinistas, os sindicatos e as tendências pablistas – não querem ser lembradas pelos registros de seus erros e crimes. Tampouco desejam ser constrangidas ao exercerem suas manobras oportunistas enquanto invocam a história e os princípios. O Comitê Internacional da Quarta Internacional é o único partido que estabelece conscientemente seu trabalho político sobre grandes princípios e, portanto, pode apresentar sua história à classe trabalhadora, sem nenhuma lacuna. Ele atrairá para sua bandeira os elementos mais determinados, corajosos e honestos entre os trabalhadores e a juventude.
254. Ao celebrar a fundação da Quarta Internacional, Trotsky declarou em 1938:
Não somos um partido igual aos outros. (...) Nosso objetivo é a total libertação material e espiritual dos trabalhadores e explorados por meio da revolução socialista. [156]
255. Setenta anos depois, o trabalho do Partido Socialista pela Igualdade e do Comitê Internacional da Quarta Internacional dá um novo significado a estas palavras.
The Founding of the Fourth International. Writings of Leon Trotsky 1938-39 (New York: Pathfinder, 2002), p. 93.