Esta declaração foi publicada originalmente em inglês, em 18 de maio de 2021.
O Democratic Socialists of America (Socialistas Democráticos da América – DSA), ao qual a declaração se refere, é uma organização pseudoesquerdista americana que atua como fração do Partido Democrata, um representante do capitalismo e do imperialismo dos EUA.
Os representantes do DSA no Congresso americano atuam como membros fieis da bancada do Partido Democrata. Sua parlamentar mais proeminente, Alexandra Ocasio-Cortez, votou a favor do financiamento do aparato militar e de inteligência dos EUA, e vem atacando furiosamente os críticos à esquerda do governo de Joe Biden.
O DSA tem como porta-voz a revista Jacobin, fundada e editada por Bhaskar Sunkara, um dos membros da organização. Além de promover o Partido Democrata nos EUA como um meio de supressão das lutas dos trabalhadores americanos, o DSA impulsiona através da Jacobin uma série de partidos burgueses pelo mundo que posam falsamente como de esquerda.
Na América Latina, a revista foi (e é) uma ávida defensora dos governos capitalistas falidos da “Maré Rosa”, caracterizando-os fraudulentamente como “contraditórios” ou diretamente socialistas.
Na última semana, uma foto publicada pelo ex-presidente brasileiro Lula segurando exemplares da Jacobin Brasil nas mãos foi compartilhada efusivamente pelos canais de comunicação da revista e por seus editores; “En buenas manos”, escreveu a Jacobin América Latina.
As calúnias e ataques dos líderes do DSA ao legado histórico de Leon Trotsky e aos seus atuais representantes políticos, o Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI) e os Partidos Socialistas pela Igualdade a ele afiliados, estão profundamente conectados ao desenvolvimento da luta de classes internacional. Eles refletem, através dos seus agentes na classe média abastada, o desespero crescente da oligarquia capitalista frente ao ascenso revolucionário da classe trabalhadora mundial.
A corrupção política do DSA e do setor social que representa ganha também expressão em suas operações para a publicação da Jacobin no Brasil. A revista foi lançada no país em 2019 com o objetivo de apresentar-se como voz de autoridade sobre o socialismo, reunindo representantes brasileiros do revisionismo pablista (e de sua vertente morenista), do stalinismo, e das políticas identitárias acadêmicas.
Os fundamentos reacionários dessa empreitada apareceram claramente já em na primeira edição da revista no Brasil, que estampou em sua capa (ao lado de outras figuras, de nacionalistas burgueses a Lenin e Trotsky) o rosto de Stalin. Foi também motivo de polêmica a publicação de um artigo do membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Jones Manoel, um abertodefensor de Stalin e suas “contribuições”, que sofreu oposição de outros autores da revista.
Em resposta, a Coordenadora Editorial da Jacobin Brasil, Sabrina Fernandes, acadêmica e integrante da corrente pablista do PSOL Subverta, declarou que “quando Bhaskar veio expliquei que a revista tem leque amplo que se estende ao PCB”, e condenou as críticas ao stalinismo como“anticomunismo”, uma manobra consagrada dos stalinistas.
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Ao longo da última semana, vários dirigentes importantes do Democratic Socialists of America (DSA) postaram tuítes celebrando o assassinato de Leon Trotsky em 1940 e retratando seu assassino, o agente stalinista da GPU, Ramon Mercader, como um herói.
Muitos dos tuítes dos dirigentes do DSA acompanham fotos e memes de uma picareta, a arma utilizada por Mercader para assassinar Trotsky. Nickan Fayyazi, membro do Comitê de Coordenação Nacional do Young Democratic Socialists of America (Jovens Socialistas Democráticos da América – YDSA), publicou uma dessas fotos com a legenda "isto pode vir a ser útil hoje".
O membro do DSA de Asheville, Carolina do Norte, Dan Pozzie, propõe a construção de um memorial ao assassino de Trotsky, com os dizeres: "Em memória de Ramon Mercader: ele nos mostrou o caminho". Um tuíte de um recém membro do Comitê de Direção do DSA de East Bay, Califórnia, diz: "Piadas sobre picadores de gelo nunca deixarão de ser engraçadas" e "todos nós continuaremos fazendo piadas sobre picadores de gelo publicamente e sem desculpas".
Os tuítes são parte de uma resposta coordenada de um setor substancial de dirigentes do DSA ao crescimento do número de leitores do World Socialist Web Site, a publicação digital do Comitê Internacional Quarta Internacional trotskista, entre os membros do próprio DSA.
Entre março e abril, um artigo do World Socialist Web Site que expunha as declarações da congressista do Partido Democrata e integrante do DSA, Alexandria Ocasio-Cortez, atacando as críticas ao governo Biden como sendo de "má-fé" teve mais de 100.000 leitores individuais, incluindo milhares de membros do DSA. A ansiedade provocada pelo impacto das críticas do WSWS ao Partido Democrata e à burocracia sindical foi alavancada pelo fracasso da campanha de sindicalização da AFL-CIO nas instalações da Amazon em Bessemer, Alabama, em abril.
Entre os membros do DSA que celebram o assassinato de Trotsky estão dirigentes nacionais eleitos e líderes do seu setor de juventude (YDSA), dirigentes de setoriais, dirigentes de centros acadêmicos universitários e podcasters influentes do DSA, bem como colaboradores do jornal Guardian e de publicações afiliadas ao DSA, como a revista Jacobin.
Aqueles que tuítam piadas doentias sobre o assassinato de Trotsky estão circulando o equivalente político à pornografia. Eles não estão apenas debochando do assassinato de uma das figuras mais importantes da história do socialismo no século XX, estão se solidarizando com a campanha de assassinatos em massa promovida pelo regime totalitário de Stalin.
O fato de tais indivíduos ocuparem posições de liderança dentro do DSA deve ser tomado como um sério alerta pelos membros e apoiadores dessa organização. Na política, as pessoas são julgadas pelo que fazem. Os indivíduos que se solidarizam com os crimes de Stalin não têm absolutamente nada a ver com uma política de esquerda genuína. Sua política não aponta ao socialismo, mas ao apoio à repressão estatal contra o movimento socialista.
Do ponto de vista da luta de classes internacional e do destino do socialismo, o assassinato de Trotsky em 20 de agosto de 1940 foi o crime político com mais amplas consequências no século XX. Seu assassinato privou a classe trabalhadora internacional do último líder vivo da Revolução de 1917 e do maior estrategista da revolução socialista mundial. Trotsky desempenhou um papel monumental na luta pelo socialismo mundial, como teórico, orador, escritor, organizador da tomada do poder pela classe trabalhadora, líder do Exército Vermelho, implacável opositor do stalinismo, fundador da Quarta Internacional, e visionário socialista de um mundo liberto de todas as formas de opressão. O estudo e a assimilação do vasto legado de Trotsky são essenciais para a preparação da vitória do socialismo no século XXI.
Mas Trotsky não foi a única vítima do estalinismo. Seu assassinato foi o ápice da onda de terror stalinista lançada em 1936 com o primeiro dos três Processos de Moscou. Durante o Grande Terror de 1936-40, o regime stalinista assassinou cerca de um milhão de trabalhadores, intelectuais e artistas revolucionários. Uma geração inteira de marxistas e socialistas que haviam desempenhado um papel decisivo na preparação, direção e defesa da Revolução de 1917 – incluindo praticamente todos os camaradas mais próximos de Lenin – foi assassinada. O Grande Terror, que visava o extermínio precisamente daqueles identificados como socialistas, foi corretamente descrito como um genocídio politicamente orientado.
Os principais participantes desta campanha de direita
O que segue é uma pequena amostra da série de tuítes dos membros do DSA celebrando o assassinato de Trotsky. A lista das pessoas que compartilham ou "curtem" essas postagens conforma uma agenda de contatos da direção do DSA.
A postagem já citada de Nickan Fayyazi, membro do Comitê Nacional de Coordenação do YDSA e copresidente da setorial universitária do YDSA na UC Berkeley, apresenta uma foto de um picador de gelo com a legenda "isto pode vir a ser útil hoje", junto de outras palavras vulgares. Ela foi retuitada por Dary Rezvani, um membro proeminente do DSA de Los Angeles.
O tuíte sobre o picador de gelo foi "curtido" por mais de 100 pessoas, incluindo muitos membros do DSA, assim como os seguintes dirigentes e outras figuras de destaque da organização:
- O colaborador da Jacobin, Gabriel Patrick
- O membro do Comitê Diretor do DSA de Nova York, Jake Colosa
- A coordenadora do DSA na Universidade da Virgínia, Madison Perry
- O coordenador sindical do DSA em Baltimore, Ryan Kekeris
- O coordenador do DSA em Champlain Valley, Vermont, Alex Lawson
- O membro do Comitê Sindical do DSA de Los Angeles, Michael Lumpkin
- O copresidente do YDSA no Knox College, Illinois, Matt Milewski
- O membro do Comitê Organizador do DSA de Lower Manhattan, Honda Wang
- O membro do DSA de Chicago e podcaster, Kenzo Shibata
- O copresidente da setorial do DSA no Vale do Silício, Brandon Henriquez
Uma outra postagem por Ben Davis, membro do DSA de Washington D.C., apresenta um desenho de Mercader se preparando para realizar seu ataque a Trotsky. Ele mostra o assassino segurando uma picareta sobre a cabeça de Trotsky, enquanto o último trabalha em sua mesa. A postagem traz a legenda: "Eliminar os sabotadores". Davis trabalhou para a campanha de Bernie Sanders em 2020 como analista de dados e escreveu para o jornal britânico Guardian, que descreve Davis como alguém que "trabalha com dados políticos em Washington D.C.".
Essa postagem também foi "curtida" por vários membros do DSA.
O termo "sabotadores" [em inglês, wreckers], extraído do vocabulário do stalinismo, tem implicações políticas determinadas. "Sabotadores trotskistas" foi um termo empregado por Stalin para justificar o assassinato em massa de trotskistas e opositores do regime stalinista, com base na afirmação mentirosa de que estavam envolvidos em terrorismo e sabotagem. O termo foi utilizado para justificar a calúnia de que Trotsky e seus apoiadores eram agentes do fascismo. Em 29 de março de 1937, no período que antecedeu o segundo Processo de Moscou, Stalin fez um discurso intitulado "Deficiências no trabalho do partido e medidas para liquidar os trotskistas". No decorrer do discurso, Stalin empregou 16 vezes o termo "sabotadores trotskistas".
Outro tuíte, do ex-membro do Comitê Nacional Eleitoral do DSA, Nate Knauf, inclui o mesmo desenho retratando o assassinato de Trotsky, acompanhado das palavras: "É isso aí!!!”. Essa postagem foi "curtida" por Ben Davis, Matt Milewski do YDSA de Knox College, Ganeev Chichagov do DSA de Nova York, e Mason Wyss, copresidente do YDSA da Purdue University, entre outros.
Outra sequência de tuítes, postada por um recém membro do Comitê Diretor do DSA de East Bay, foi "curtida" por Guy Brown, membro do Comitê Nacional de Formação Política do DSA e copresidente do DSA de Charlotte Metro; Maura Quint, apoiadora do DSA e colunista da revista New Yorker e do jornal The Hill; e um membro não identificado do comitê diretor do DSA Portland.
Em uma outra postagem, o membro do DSA do sudoeste da Flórida e do YDSA da Florida Gulf Coast University, Morgan Kirk, compartilhou um meme sobre a morte de Trotsky.
Os seguintes líderes do DSA "curtiram" essa postagem:
- A integrante do Comitê Político Nacional do DSA, Blanca Estevez
- O membro do Comitê de Coordenação Nacional do YDSA, Nate Stewart
- O copresidente do Grupo de Direitos dos Imigrantes do DSA, Alexander Hernandez
- O membro do Comitê Eleitoral Nacional do DSA, Austin Binns
- O copresidente do YDSA da University of Illinois Champagne-Urbana, Niko Johnson-Fuller
- O copresidente da setorial do DSA em Erie, Pennsylvania, Cole Schenley
- A integrante do Comitê Organizador do DSA de Nova York, Kayleen Pena
O papel dos agentes do Partido Democrata
A maioria dos que postam, compartilham ou "curtem" esses tuítes são membros ativos do Partido Democrata ou funcionários da burocracia da central sindical AFL-CIO. Estes incluem:
- O dirigente do YDSA, Nickan Fayyazi, estagiário parlamentar da democrata Kate Harrison na Câmara Municipal de Berkeley, e um representante de diretório estudantil.
- O membro do DSA de Los Angeles, Dary Rezvani, que foi candidato às primárias democratas de 2020 para o 22º Distrito Congressional na Califórnia, e, ainda naquele ano, foi candidato pelo Partido Democrata ao Conselho Distrital de Faculdades Comunitárias de Fresno, Califórnia. Ele perdeu ambas as eleições.
- O membro do DSA de Nova York, Andrey Ganeev Chichagov, cujo perfil no LinkedIn declara que ele é membro do Comitê Municipal de Nova York do Partido Democrata e foi secretário de gabinete da Senadora Estadual Democrata de Nova York, Julia Salazar.
- Ryan Kekeris, que é o diretor de comunicação do Sindicato Internacional de Pintores e Ofícios Afins. Em 2019, esse funcionário sindical ganhou US$99.367, de acordo com os arquivos do Departamento do Trabalho.
- O podcaster influente do DSA de Chicago, Kenzo Shibata, que é membro do Conselho Executivo do Sindicato dos Professores de Chicago e foi anteriormente diretor de comunicações da Federação de Professores de Illinois. Os arquivos do Departamento do Trabalho mostram que ele ganhou US$142.817 em 2017 como funcionário sindical.
- O líder do YDSA Nate Stewart, que é membro eleito do Comitê Executivo do Partido Democrata em Dover, New Hampshire, e delegado do Partido Democrata de New Hampshire.
- Brad Chester, do DSA de Washington D.C., que foi diretor regional da campanha presidencial de Bernie Sanders na área metropolitana de D.C. e é um agente democrata de longa data, tendo trabalhado na equipe do Partido Democrata na Virgínia e no Texas e em várias campanhas democratas. Ele é autor de um ensaio intitulado "Breaking bad: como a obsessão por um partido trabalhista independente fere o projeto eleitoral socialista".
- Joshua Armstead, que é vice-presidente da sede nº 23 de Washington do sindicato de serviços UNITE HERE!
- Tasneem Al-Michael, que é vice-presidente do College Democrats of America [entidade universitária do Partido Democrata] e presidente nacional do Young Democrats of America [organização de juventude do Partido Democrata].
Um membro do DSA que também "curtiu" esses tuítes foi Honda Wang, membro do Comitê Organizador do DSA de Nova York e um dos antitrotskistas mais proeminentes do DSA. Wang publica regularmente ataques contra o WSWS. A seção de comentários de seus vídeos no TikTok atacando o WSWS está repleta de comentários com imagens de picaretas.
As políticas defendidas por Wang e seu passado como consultor político para a Schoen Consulting dão uma ideia do tipo de figura direitista que dirige os ataques do DSA contra o WSWS.
Em seu perfil no LinkedIn, Wang explica que quando trabalhava para a Schoen, "dava consultoria sobre estratégia e comunicação para clientes políticos tanto no mercado interno como internacional" e "assessorava clientes corporativos em uma ampla gama de setores".
Wang não lista os governos, políticos, agências estatais e grandes empresas com os quais trabalhou, mas os clientes da Schoen Consulting incluem hoje o bilionário Michael Bloomberg e seu Independence PAC, um fundo privado para a compra de apoio político, assim como o Walmart.
Um relatório público sobre a Schoen Consulting explica que a clientela de seu fundador, o consultor de Bill Clinton, Paul Schoen, inclui:
A senadora Hillary Rodham Clinton (NY), o governador de Nova Jersey Jon Corzine e o governador de Indiana, Evan Bayh, e seus clientes corporativos incluíam Walmart, AOL Time Warner, Procter & Gamble e AT&T. Internacionalmente, ele trabalhou para os chefes de Estado de mais de 15 países, incluindo o primeiro-ministro britânico Tony Blair, o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, e três primeiros-ministros israelenses. Schoen ajudou a apresentar Victor Pinchuk, o oligarca, financiador e ex-membro do Parlamento ucraniano, a grupos filantrópicos e políticos que fizeram dele uma figura internacional, agora parte dos conselhos do Centro Peterson de Economia Internacional, do Grupo de Crise Internacional e da Fundação Clinton.
A carreira de Wang como agente do Partido Democrata mostra como os apparatchiks do Partido Democrata e da AFL-CIO que compõem a liderança do DSA identificam em Trotsky uma ameaça à sua própria posição material e ao sistema capitalista. Sem dúvidas, há outros provocadores não mencionados aqui que, dos bastidores do Partido Democrata, também estão impulsionando esses ataques.
A política neostalinista do DSA
O Partido Democrata é um partido imperialista-capitalista e fervorosamente antissocialista. Por que, então, seus membros do DSA – que afirma ser uma variante de socialismo antistalinista – glorificam os crimes do stalinismo e reciclam suas calúnias contra Trotsky?
Para entender a lógica política por trás dessa aparente contradição, é preciso analisar o contexto histórico do terror stalinista dos anos 1930 e sua relação com a política americana durante a era do New Deal de Roosevelt. Esse período foi o auge da aliança política entre uma parte substancial dos liberais do Partido Democrata e o Partido Comunista Americano stalinista. Essa aliança era conhecida como Frente Popular, idealizada pelo Kremlin – após a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha – para atrair os governos imperialistas democráticos da Europa e dos Estados Unidos a uma aliança com a União Soviética. Em troca de relações diplomáticas mais favoráveis com esses Estados imperialistas, o regime soviético e os partidos comunistas nacionais sob seu controle apoiariam os governos burgueses e reprimiriam as lutas da classe trabalhadora contra o capitalismo.
Um dos objetivos centrais de Stalin nos Processos de Moscou e no Terror era convencer as "Democracias Ocidentais" de que a União Soviética havia rompido decisivamente com o bolchevismo e a perspectiva da revolução socialista mundial de Lenin e Trotsky.
As políticas de colaboração de classes da Frente Popular levaram à vitória da ditadura fascista franquista em 1939 na Espanha e, em 1940, ao estabelecimento do regime de Vichy na França.
Nos Estados Unidos, o Partido Comunista Americano promoveu entusiasticamente o governo Roosevelt. Os liberais do Partido Democrata encaravam Stalin cada vez mais como um valioso aliado e endossavam sua política de extermínio dos antigos bolcheviques.
Como é bem conhecido, as principais publicações liberais de esquerda, como a New Republic e a Nation, defenderam os Processos de Moscou, confirmando a definição de Trotsky da Frente Popular como "democracia em aliança com a GPU". Artistas, escritores e intelectuais proeminentes – como Lillian Hellman, Louis Fischer, Freda Kirchwey e Malcolm Cowley – declararam confiança na integridade dos processos de caça às bruxas em Moscou, embora a única prova apresentada contra os réus fossem suas próprias "confissões" duvidosas. Eles atacaram viciosamente o filósofo americano John Dewey por concordar em servir como presidente da Comissão de Inquérito sobre os Processos de Moscou. Posteriormente, denunciaram as conclusões dessa Comissão, de que Trotsky era inocente de todas as acusações contra ele e que os Processos de Moscou eram uma armação.
O Partido Democrata é hoje mais uma vez ameaçado por um movimento crescente da classe trabalhadora. Ele o reconhece, e teme que a radicalização da juventude e da classe trabalhadora possa levar, a menos que seja desviada, a uma ruptura com a política capitalista e, portanto, a um sério movimento em direção ao socialismo.
O Partido Democrata emprega o DSA para impedir esse desenvolvimento.
Nesse contexto, é significativo que as duas questões que desencadearam os ataques do Partido Democrata e da direção do DSA contra Trotsky foram a exposição do WSWS de Ocasio-Cortez, o que levou um número significativo de membros do DSA a escreverem para o WSWS expressando apoio a nossas críticas, e o papel cada vez mais proeminente desempenhado pelo WSWS e pelo Partido Socialista pela Igualdade (SEP) em greves e lutas sociais que se desenrolam por todo o país. O DSA e o Partido Democrata veem a derrota da tentativa de sindicalização pela AFL-CIO dos trabalhadores da Amazon de Bessemer, Alabama, e os votos recentes de trabalhadores rejeitando contratos coletivos traidores como sinais de alerta de que os esforços para criar um movimento trabalhista controlado pelo Estado estão entrando em conflito com a profunda hostilidade da classe trabalhadora à pró-empresial AFL-CIO.
O Partido Democrata, de forma defensiva, se volta às calúnias dos Processos de Moscou, transmitindo-as através do DSA para envenenar a atmosfera política contra o socialismo genuíno. Eles reconhecem que o trotskismo, representado hoje pelo SEP e pelo WSWS, é a força política que dá expressão consciente ao crescente sentimento a favor do socialismo na classe trabalhadora e entre a juventude.
Nenhuma organização que se autodenomina progressista, muito menos socialista, pode tolerar a legitimação dos crimes do stalinismo e da GPU. Que esses crimes estejam sendo saudados por um setor significativo da direção do DSA expõe a presença de uma cultura política profundamente reacionária e vil dentro desta organização.
Numa época em que a violência de direita é uma ameaça crescente para a esquerda, é obrigação dos socialistas defender aqueles ameaçados com violência política pelas forças fascistas e de extrema-direita. Apesar de nossa clara oposição à política de Alexandria Ocasio-Cortez, o WSWS tem consistentemente defendido AOC e sua equipe das constantes ameaças de violência por fascistas, que tentaram assassiná-la em sua tentativa de golpe no 6 de janeiro de 2021.
O DSA tem agora a obrigação política de deixar claro que a propagação de mentiras que legitimam e encorajam a violência contra os opositores de esquerda e socialistas ao Partido Democrata não será permitida dentro de sua organização. As setoriais do DSA devem aprovar resoluções denunciando as calúnias antitrotskistas. E devem exigir que sua próxima convenção nacional aprove uma denúncia inequívoca da campanha neostalinista.
Instamos todos os membros do DSA seriamente interessados na história, na teoria e na política do socialismo e do marxismo a que leiam as obras de Leon Trotsky, que ao lado de Lenin foi o maior lutador pela revolução socialista do século XX.
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O World Socialist Web Site recomenda que os membros do DSA leiam Em Defesa de Leon Trotsky, por David North, o presidente do Conselho Editorial Internacional da WSWS e o presidente nacional do Partido Socialista pela Igualdade (EUA). Este livro oferece uma refutação abrangente das calúnias stalinistas dirigidas contra Leon Trotsky.